segunda-feira, 8 de junho de 2009

Auguste Saint -Hilaire: (1779 - 1853)

Naturalista francês, com passagens pela América do Sul, cujos relatos são documentos de grande valor histórico sobre a vida e os costumes brasileiros na primeira metade do século XIX. Esteve no Brasil entre 1816 entre 1822. Estudou a Geografia, Fauna, Flora e Geologia do país, tendo percorrido os atuais estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São ricas, igualmente, suas observações Etnográficas, pois observou e registrou as atividades cotidianas dos habitantes, os costumes, religião, os processos de trabalho, comércio, industria, comunicações e produções, dentre outras. Escreveu oito livros sobre o Brasil, fruto de suas extensas e longas viagens.

Destacamos Viagem pelo Distrito dos Diamantes e Litoral do Brasil, pois nele encontramos registros e impressões sobre o Distrito dos Diamantes, e, particularmente sobre Diamantina.

Seus relatos são plenos de interesse humano e afeição pela terra que veio conhecer, distante do desdém e da crítica, muitas vezes orgulhosa, característica da cultura européia, tendo declarado, confirmando esse espírito: “ Vivi no meio dos brasileiros; sou ligado a eles pelas forças da simpatia e da gratidão; amo ao Brasil quase tanto como a minha pátria”.

Dentre seus registros, destacamos alguns, que nos falam mais diretamente, por exemplo, quando afirma, nas suas andanças por Minas Gerais: “...célebre pela inteligência de sua gente”, e “...em geral, os mineiros são muito venturosamente dotados pela Providência: dêem-se-lhes boas instituições e poder-se-á esperar tudo dessa gente”.

Especificamente sobre Diamantina e sua gente: “... durante minha estada no Tijuco ele (seu anfitrião) não cessou de cercar-me de distinções. A senhora (esposa de seu anfitrião), fazia as honras da casa. Ela e suas filhas não se escondiam nunca; comiam conosco e, adotando os hábitos europeus, admitiam o convívio dos homens”.

“As ruas de Tijuco são bem largas, muito limpas, mas muito mal calçadas”. “As casas que visitei, pareceram-me de extrema limpeza. As paredes caiadas e os lambris pintados à imitação do mármore”. “Os jardins (quintais?*) são muito numerosos e cada casa tem, por assim dizer, o seu. Cultivam-se muitas espécies de frutas e verduras de diferentes espécies, ervas medicinais e flores, entre as quais o cravo é a espécie favorita”.

“As águas que se bebem são excelentes; existem chafarizes em grande número”. “As lojas são providas de todas as espécies de panos,...chapéus, comestíveis, quiquilharias, louças, vidros e mesmo grande quantidade de artigos de luxo, que causam admiração sejam procurados a uma distancia tão grande do litoral...”. “...o ar que aí se respira é absolutamente puro, a temperatura é amena, mas muito variável.”

Encerrando, uma última referência, sendo impossível abarcar aqui tudo que as perspicazes observações desse grande homem e cientista nos legou: “ Minha tarefa não estaria perfeita se, após ter dado a conhecer a situação da capital do Distrito dos Diamantes, seu clima,seus edifícios públicos, eu não dissesse qualquer coisa a respeito dos seus habitantes. Em toda a Província de Minas, encontrei homens de costume delicado, cheios de afabilidade e hospitaleiros; os habitantes do Tijuco não possuem tais qualidades em menor grau. ...encontrei nesta localidade mais instrução que em todo o resto do Brasil, mais gosto pela Literatura e um gosto pelas línguas (francês) e desejo mais vivo de se instruir, e são muito hábeis na arte caligráfica e musical”.

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