quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Biribiri: a vila de seis pessoas

Fonte: Webventure/UOL - Por Bruna Didario

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Doze quilômetros separam o centro da cidade de Diamantina da remota vila de Biribiri, passando por estradas de terra e com muita história para ser contada. E o potencial natural da região fez com que a vila se desenvolvesse no final do século XIX, com a construção da fábrica Estamparia S.A.. Hoje, Biribiri continua com suas belas paisagens, muitas cachoeiras, e apenas seis pessoas que vivem por lá.

Muito bem cuidada e restaurada, a cidade chegou a ter três famílias na administração do local. Hoje, Kika Mascarenhas é a responsável por manter Biribiri em ordem. O local foi utilizado para a gravação do filme “A Hora é a Vez”, de Augusto Matraga.
Toda a história da região se concentra na fábrica têxtil, do garimpo e também na natureza. O bispo Dom João Antonio Felício dos Santos foi o responsável pelos primeiros passos: a construção da estamparia próxima às quedas d’água para a geração de energia. “No início, eram cerca de 140 mulheres trabalhando, e chegou a 1500. Foi uma época que as religiosas começaram a trabalhar e também muitas moças dos arredores de Diamantina”, explicou Kika.

Crescimento - Junto com a construção da estamparia, casas, pensionatos, armazéns foram erguidos. Uma das mais importantes construções foi a igreja, financiada pelas próprias trabalhadoras da cidade. O sino, em bronze, foi fundido na fábrica e o relógio doado pela família real.

Muitos técnicos especialistas dos maquinários começaram a chegar à cidade, predominantemente de mulheres e o crescimento foi notável. Foram construídas mais casas para abrigar as famílias que se formavam. “Nessa época, os homens começaram a chegar à cidade e a vida social começou a se desenvolver com aulas de teatro, canto”, disse Mascarenhas.

Com o tempo, a produção cresceu e em 1876 a fábrica estava funcionando com máquinas vindas do exterior e quase cem anos depois, em 1973, as dificuldades de acesso fizeram a Estamparia S.A. fecharem as portas.

Natureza e esportes

Assim que a fábrica foi desinstalada, iniciou o processo de saída das famílias da região. Biribiri teve como seu “primeiro dono”, o Bispo Dom João Felício e o desenvolvimento da indústria fizeram duas famílias tomarem conta da cidade. A atual administração é da família de Kika, a terceira mandante.

Os cuidados com a vila, pela qual passam de 150 a 200 pessoas durante feriados e férias em busca de aventuras é bastante grande. Com as gravações do filme, Kika teve que repintar a cidade nas cores branca e azul. “Também estamos instalando toda a rede elétrica subterrânea, para colocar lampiões de época”, afirmou.

Mesmo com seis pessoas que moram efetivamente na vila, a receptividade dos visitantes está garantida: um pequeno restaurante serve todo o tipo de comida mineira para os aventureiros encararem as belezas naturais durante todo o dia. As casas antigas hoje funcionam como pousadas, com valores fechados para finais de semana e feriados.

Natureza - Kika indica Biribiri para os interessados em descanso e também em esporte de aventura. Trekking, cachoeirismo, mountain bike e rapel são os esportes mais procurados na região, que possui dois pontos turísticos: as cachoeiras Sentinela e Cristais; além da mata fechada ainda virgem e pinturas rupestres, encontradas na região.

O projeto para a cidade agora é transformá-la no Parque Estadual Biribiri, com 18 mil hectares – sendo três mil deles que continuarão sendo a vila e administrado por Mascarenhas.

Foto: Edy Luigi, no Flickr

2 comentários:

  1. Biribiri é minha conhecida, pois quando era criança, minha tia Luiza era dona do local e,lá, passávamos o fim de semana com toda a nossa família, era bom demais.
    Quando meus pais se casaram, em 1942, foram passar a lua de mel em Biribiri.
    Esta maravilha deve ser mais visitada.

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  2. Apesar do encanto e de ser o nosso "caminho da roça" nos finais de semanas, depois é claro, de nadar bastante na cachoeira dos Cristais, algumas coisas deixam a desejar, como a má conservação interna de várias casas e a falta de um esquema em que o turista possa visitar a igreja(sempre fechada)e as antigas instalações da fábrica. O que ainda resiste e atrai é o bom atendimento do Bar e restaurante "Da Terra". Pelo menos esta é a minha impressão.

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