terça-feira, 27 de abril de 2010

Dicionário traz vida e obra de 450 autores mineiros

Fonte: Carlos Herculano Lopes, Portal UAI

O ambicioso projeto de fazer a compilação biobibliográfica de autores mineiros de todas as épocas e gêneros – reunindo de ícones como Guimarães Rosa, Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade a nomes praticamente desconhecidos, mas nem por isso menos merecedores de registro – acaba de ser coroado com a publicação do Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros. A primeira edição traz nada menos de 450 verbetes, com informações básicas sobre vida e obra dos autores. Desde já, constitui-se como importante fonte de pesquisa sobre a literatura que vem sendo feita em Minas.

A organizadora do trabalho é Constância Lima Duarte, professora da Faculdade de Letras da UFMG. O volume resultou da pesquisa Literatura brasileira: estudo de escritores mineiros, desenvolvida a partir do primeiro semestre de 2006 por estudantes da faculdade. Ana Carolina Barreto, Bruno Costa e Silva e Juliana Cristina de Carvalho participaram mais ativamente do projeto.

De acordo com Constância, o levantamento dos autores foi realizado, em um primeiro momento, por meio da investigação sistemática de dicionários, antologias, enciclopédias, sites e de histórias de literatura. Além disso, procurou-se mapear, de maneira abrangente, a produção realizada no estado – dos árcades, como o inconfidente Cláudio Manoel da Costa, à nova geração, como Leo Cunha, Kiko Ferreira, Carlos de Brito e Melo, Sérgio Fantini e Ana Elisa Ribeiro, entre outros.

No dicionário, talvez o único do gênero em Minas, há autores para todos os gostos. Pode-se ficar sabendo, por exemplo, quem foi Maria Sabina de Albuquerque, poeta nascida em Barbacena, em 1898. Outra autora enfocada foi Miêta Santiago: nascida em Varginha, em 1903, chegou a ser elogiada por Oswald de Andrade. Injustamente esquecido, o poeta diamantinense Aureliano Lessa, que nasceu em 1828, não chegou a publicar livro em vida. O polemista Antônio Torres, também de Diamantina, é outro verbete. Nascido no Serro, em 1764, e falecido no Rio, em 1851, outro enfocado foi José Elói Otoni. Mais um serrano ilustre: Joaquim Felício dos Santos, autor do clássico Memórias do distrito diamantino.

Se o Serro também foi representado pelo romancista Oswaldo França Júnior, uma “derrapada” foi a não inclusão de outro conterrâneo de peso: Joaquim de Salles, autor do clássico Se não me falha a memória, lançado pelo Instituto Moreira Salles. Também ficaram de fora nomes importantes como Passos Maia, autor de Guapé, livro elogiado pelo professor Antônio Cândido; Jurandir Ferreira, Márcio Borges, Júlio Borges Gomide, Roniwalter Jatobá, João Etienne Filho, Maurício Lara, Maria Clara Arreguy, Antonio Celso, Adolfo Maurício Pereira, Mário Garcia de Paiva, Lázaro Barreto, João Valle Maurício e Wanderlino Arruda, entre outros. Nada que não possa ser reparado na segunda edição, tal a abrangência de um trabalho desse porte.

DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DOS ESCRITORES MINEIROS

Organização de Constância Lima Duarte. Editora Autêntica, 376 páginas, R$ 54. Lançamento hoje, a partir das 19h30, na Livraria Mineiriana, Rua Paraíba, 1.419, Savassi. Informações: (31) 3223-8092.

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