quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"A Falta que me Faz" enfoca falta horizontes de jovens mineiras

Fonte: Extra On line

SÃO PAULO (Reuters) - Documentarista premiada por filmes como "Aboio" - melhor longa brasileiro do Festival É Tudo Verdade 2005 -, a diretora mineira Marília Rocha penetra o universo mínimo da juventude rural feminina em "A falta que me faz" - um dos documentários, ao lado de outro trabalho da diretora, "Acácio", a chegar simultaneamente nesta semana aos cinemas em Belo Horizonte e Salvador.

Vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, "A falta que me faz" começou, em 2008, com uma pesquisa com as coletoras de flores da região de Curralinho, distrito de Diamantina (MG). E acabou transformando-se num trabalho de observação do cotidiano das jovens do local, encontrando em quatro delas as personagens ideais para compor uma radiografia da adolescência feminina num local afastado dos grandes centros urbanos.

Alessandra e Valdênia Ribeiro e Priscila e Shirlene Rodrigues formam esse quarteto de meninas na beira da vida adulta que sonham com o casamento e uma vida familiar. Sua diversão, nos finais de semana, é um baile de forró, ponto de encontro com outras amigas e local de namoro. No mais, sua vida se resume à rotina do trabalho rural e a uma vida em família que não permite descortinar muitos horizontes novos.

Instalando-se com sua câmera na intimidade da casa das meninas, a diretora consegue quase tornar-se invisível, especialmente na primeira metade do filme, conseguindo que elas se expressem com muita naturalidade. Mais adiante, Marília começa a questioná-las sobre amizade e ciúme, permitindo levantar contradições e conflitos. Num determinado momento, é Alessandra quem começa a questionar os membros da equipe sobre assuntos familiares, invertendo a mão da relação tradicional entre personagem e cineasta - o que acrescenta interesse ao documentário.

A paisagem árida da região, fotografada com o devido despojamento por Ivo Lopes Araújo e Alexandre Baxter, entra como cenário destas vidas, a que não faltam sonho e emoção, inclusive decepções, ao envolver gravidez e abandono. Sem estereotipar, muito menos julgar suas personagens, "A falta que me faz" permite ao espectador compartilhar este universo e compreender sua grandeza humana.

 

Clique aqui para conhecer mais do trabalho de Marília Rocha.

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