sábado, 5 de abril de 2014

Diamantina foi influência para que o arquiteto e urbanista projetasse Brasília

Fonte:Jornal Estado de MInas (clique aqui)

A cosmopolita Brasília, com prédios modernos e amplas avenidas asfaltadas, parece bem diferente da despojada Diamantina, com suas ruelas de calçamento de pedra e casario colonial. A cidade da Região Central de Minas, porém, foi uma das influências do arquiteto e urbanista Lucio Costa (1902-1998). Ao desenhar o “avião” no solo do Planalto Central, à beira do Lago Paranoá, ele estava impregnado pela “pureza”, pela “beleza sem esforço”, como descreveu o que viu ao visitar, em 1924, a terra natal de Juscelino Kubitschek. “Mal sabia que, 30 anos depois, iria projetar nossa capital para um rapaz da minha idade nascido ali”, escreveu, espantado pela coincidência.

Filho de diplomata, Lucio Costa nasceu na França, em 1902, mesmo ano em que JK veio à luz. Graduou-se em arquitetura em 1924, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, comissionado pela Sociedade Brasileira de Belas Artes, visitou Diamantina. A viagem foi proposta por um de seus professores, José Marianno Filho, um dos principais defensores da arquitetura neocolonial, que louvava a tradição brasileira e lutava contra “os estilos de conserva do academismo francês”, como escreveu. Acreditando que os recém-formados ignoravam os “fatos elementares da evolução arquitetônica nacional”, decidiu mandar alunos para cidades históricas de Minas. Os outros destinos foram Ouro Preto, São João del-Rei e Congonhas.

No livro Registro de uma vivência, de 1995, Costa afirma que chegou a Diamantina depois de “30 e tantas horas de trem, com baldeação em Corinto”. Na estação, percebeu ao seu lado a “figura empertigada” do poeta parnasiano Alberto de Oliveira, que dizia a uma amigo: “Chegar... partir... eis a vida”. Ao desembarcar em seu destino, o urbanista se surpreendeu: “Caí em cheio no passado no seu sentido mais despojado, mais puro; um passado de verdade, que eu ignorava, um passado que era novo em folha para mim. Foi uma revelação: casas, igrejas, pousada dos tropeiros, era tudo de pau a pique”.

m passeio pela cidade – “um piano distante tocava”, recordou –, saiu a caminhar pelas capistranas, “trilhas de lajes maiores no meio das ruas empedradas”, que ainda hoje ajudam os moradores e turistas a andar com mais conforto. “No alto de uma ladeira”, avistou os “dois sobrados do colégio de freiras, um ainda setecentista, o outro já do Império, ligados por um elegante passadiço”. Situados na Rua da Glória, no Centro Histórico, os dois prédios abrigam hoje o Instituto Casa da Glória, pertencente ao Instituto de Geociência da UFMG.

Mais tarde, Costa viu “no largo fronteiro a uma igreja o típico cruzeiro de madeira guarnecido dos símbolos do martírio, com uma figueira enroscada, nascido do seu pé”. O templo a que Costa se refere é a Igreja Nossa Senhora do Rosário, do século 18. Com os anos, a figueira cresceu e se ergueu junto ao cruzeiro, como se ele fizesse parte da planta. Depois, a árvore caiu. No mesmo canteiro surgiu nova figueira. Entre suas compridas ramificações, estão apoiados os restos da “antepassada”, e o cruzeiro, bastante danificado.

Continuando a caminhada, o arquiteto passou diante da vistosa casa de Chica da Silva, “a famosa amante do contratador”, define Costa, em referência ao homem com quem a escrava alforriada manteve união estável no século 18, o riquíssimo explorador de minas de diamante João Fernandes de Oliveira. A fachada do museu ainda é “resguardada por extenso muxarabi”, um grande balcão com treliças de madeira. “E, defronte”, prossegue, “a capela do Carmo, cuja chave o sacristão Zacarias – com sua bonita mulher de pés no chão – me confiara para que ficasse à vontade, na solidão da igreja fechada, pintando uma aquarela do seu lindíssimo interior”.

m passeio pela cidade – “um piano distante tocava”, recordou –, saiu a caminhar pelas capistranas, “trilhas de lajes maiores no meio das ruas empedradas”, que ainda hoje ajudam os moradores e turistas a andar com mais conforto. “No alto de uma ladeira”, avistou os “dois sobrados do colégio de freiras, um ainda setecentista, o outro já do Império, ligados por um elegante passadiço”. Situados na Rua da Glória, no Centro Histórico, os dois prédios abrigam hoje o Instituto Casa da Glória, pertencente ao Instituto de Geociência da UFMG.

Mais tarde, Costa viu “no largo fronteiro a uma igreja o típico cruzeiro de madeira guarnecido dos símbolos do martírio, com uma figueira enroscada, nascido do seu pé”. O templo a que Costa se refere é a Igreja Nossa Senhora do Rosário, do século 18. Com os anos, a figueira cresceu e se ergueu junto ao cruzeiro, como se ele fizesse parte da planta. Depois, a árvore caiu. No mesmo canteiro surgiu nova figueira. Entre suas compridas ramificações, estão apoiados os restos da “antepassada”, e o cruzeiro, bastante danificado.

Continuando a caminhada, o arquiteto passou diante da vistosa casa de Chica da Silva, “a famosa amante do contratador”, define Costa, em referência ao homem com quem a escrava alforriada manteve união estável no século 18, o riquíssimo explorador de minas de diamante João Fernandes de Oliveira. A fachada do museu ainda é “resguardada por extenso muxarabi”, um grande balcão com treliças de madeira. “E, defronte”, prossegue, “a capela do Carmo, cuja chave o sacristão Zacarias – com sua bonita mulher de pés no chão – me confiara para que ficasse à vontade, na solidão da igreja fechada, pintando uma aquarela do seu lindíssimo interior”.

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