quinta-feira, 24 de abril de 2014

Voz de Diamantina: Semana Santa, tempo de nostalgia e interiorização

Capa (52)Não raras vezes o diamantinense é tachado de bairrista incorrigível, tantas as belezas, os encantos e as singularidades por ele atribuídas à sua terra natal. Com absoluta naturalidade, tal juízo lhe soa exagerado ou, sabe-se lá, como traço indisfarçável de inveja dos que não têm motivos para ufanar-se tão apaixonadamente do torrão que os viu nascer. Por mais, entretanto, que essa marca de nascença se apague com o passar dos anos e o amadurecimento desse cidadão privilegiado, não há quem mais se emocione com as cerimônias da Semana Santa dos que, desde crianças, ouviram as batidas marcantes das alabardas da Guarda Romana sobre o calçamento de pedras ao som lúgubre da marcha fúnebre, somente executada durante a Procissão do Enterro. Quando, então, a banda de música se cala em reverência ao troar das lanças dos centuriões e Maria Beú fere os ares com o seu canto-lamúria enquanto desenrola o pano que enxugou a face de Cristo gravada com o sangue dos seus ferimentos, uma brisa fria, semelhante à que cortou o Gólgota, perpassa a multidão em grossas alas, penetra na mente de cada diamantinense que, desde a meninice, acompanhou o esquife do crucificado, escutou o som tristonho das matracas e as vozes chorosas do Coro de Éus. Daí em diante, more na cidade-presépio em que nasceu ou nas mais distantes lonjuras do país e do mundo, retornam-lhe à memória os tempos das peraltices e do catecismo, das serenatas e das retretas, das amizades e dos namoricos, crescendo-lhe, sem nunca parar, esse amor profundo que leva muitas pessoas a chamarem-no do mais bairrista dos povos, honroso qualificativo que mais e mais lhe faz luzir a autoestima.

Neste ano, porém, em que o feriado de 21 de abril inflou mais ainda o período de descanso e reflexão da Semana Santa, e Diamantina se viu pequena para bem receber e melhor ainda tratar os filhos que a ela retornaram e o mundo de visitantes que vieram conhecê-la ou novamente cortejá-la, uma grande frustração tisnou o brilho do maior, mais importante e cultural evento deste velho e religioso burgo.

Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 663, de 26 de abril de 2014

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