segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Polaridades

Autor: Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br

Destino, opções apresentadas ou circunstâncias impostas? Este ainda não é o momento que antecede minha aposentadoria, meu balanço existencial e consequentemente a impressão do extrato de minha vida, mas, o que agora, neste exato momento, estou a pigarrear é como fui e como sou envolvido pela política.
A modernidade modelou os anseios, rotulou os ideais, desidratou as aspirações. A excelência de governar passa pela mídia “a que tudo cria e a que tudo transforma”. Como um câncer dissecado e exposto em lugar de destaque em minha sala, a televisão me oferece 24 horas de atrocidades, aberrações. Como ópio sou sugado pela programação, programado, condicionado a ver e não enxergar, ouvir, mas não escutar, paralisado, sou esvaziado, aspirada minha ilusão, crença, esperança, minha alma murcha como maracujá maduro. A imagem projetada na tela nada mais é do que fachos de luzes coloridas com algumas formas, mera peça de decoração, composição do ambiente.
Novo, velho, antigo, moderno, ultrapassado, avançado, culto, escrachado, vulgar, ético, sagrado, profano, etc. Adjetivos que deveriam ser discutidos em família, na escola, trabalho, Igreja, futebol, mesa de bar, para construção de uma sociedade mais justa e coerente. Mas, a velocidade do tempo tem trago pronto uma fórmula “mágica” de viver (curtir e gozar).
Falar das maravilhas, seduções e potenciais de Diamantina é chover no molhado. Dizer da benção que paira sobre nosso país também é desnecessário. Será preciso mais de uma vida (e não será suficiente) para discursar sobre a existência humana.
Qual o significado de uma guerra no Iraque, Afeganistão, Síria e agora na Ucrânia?
Qual o valor da vida das pessoas, do petróleo e gás destes países?
Qual é o balizador para um país (Irã) ter permissão de obter a bomba atômica, possuir uma população que vive na eminencia constante de uma invasão militar?
O que leva um jornal (francês) com a tiragem de cinquenta mil exemplares a extrapolar limites em suas críticas religiosas, provocando mortes e insegurança, dar um salto a cinco milhões e na sua próxima tiragem atingir sete milhões de exemplares?
Onde encaixa os direitos humanos no fuzilamento do traficante brasileiro executado na Indonésia frente a várias vidas que ele ajudou a destruir?
Pode um país como o Brasil, que ainda conta com um número significativo de sua população em situação de pobreza extrema construir tantos estádios de futebol caríssimos, onde está o equilíbrio (custo/benefício) do mais moderno e porque não eficaz plano de saúde (SUS) do mundo?
Qual o papel da corrupção na Petrobras, Correios, BNDES e em tantos órgãos a nível nacional, estadual, municipal como também a corrupção cometida pelo cidadão comum?
O que dizer de um município que tem parte de sua população com carências nos serviços de saúde, rede de esgoto, coleta regular de lixo, estradas de acesso aos seus distritos e povoados, calçamento de ruas, redes de água tratada, que parece não contar com recursos suficientes para contratar serviços de qualidade e fazer rodar a engrenagem da indústria do turismo (movimento X geração de empregos o ano todo), mas que depois de oito a dez meses de esforços, contrariando o movimento de várias cidades que devido à falta de dinheiro e iminente falta de água cancelaram o carnaval, irá promover um carnaval ao custo de dois milhões de reais (segundo dados do Jornal Estado de Minas do dia 18/01/2015)?
O século XXI tem mostrado com muita tristeza a falência das nossas instituições, dos modelos políticos de governar, a incapacidade mundo a fora da sociedade em ser cooparticipativa (abstenção nas urnas tem sido cada vez maior) na construção de um projeto político arrojado, audacioso, que ao mesmo tempo enxerga o presente, discuti o futuro, tem a coragem e humildade de reescrever o passado.
Desperta Diamantina! As grandes transformações pelas quais você experimentou e que te projetaram para o mundo e pelos tempos em sua maioria foram executadas por pessoas (Lobo de Mesquita, Chica da Silva, JK, Clube da Esquina e tantos outros), não por instituições.

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